terça-feira, 5 de junho de 2012

Oyá





É a orixá do Tempo e seu campo preferencial de atuação é o religioso, onde ela atua como ordenadora do caos religioso
O “Tempo” é a chave do mistério da Fé regido pela nossa amada mãe Oiá, porque é na eternidade do tempo e na infinitude de Deus que todas as evoluções acontecem. A orixá Oiá forma um pólo magnético vibratório e energético oposto ao do orixá Oxalá, e ambos regem a linha da Fé, que é a primeira das Sete Linhas de Umbanda, que são as sete irradiações divinas do nosso Criador. Logo, o campo de atuação de nossa amada mãe Oiá é o campo da fé, onde flui a religiosidade dos seres, todos em continua evolução.

Oiá é a regente cósmica da linha da Fé, e tempo é o vazio cósmico onde são retidos todos os espíritos que atentam contra os princípios divinos que sustentam a religiosidade na vida dos seres.

“Tempo”, eis as qualidades, atributos e atribuições negativas de Oiá, de que tanto falamos e alertamos aos supostos pais de Santo ou magos negros que recorrem ao “Tempo” para prejudicar seus semelhantes com seus ebós sujos e suas magias negras. Oiá é a orixá regente do pólo negativo da linha da Fé, que é a primeira das Sete Linhas de Umbanda e, com Oxalá assentado em seu pólo positivo, dão sustentação a todas as manifestações da fé e dão amparo a todos os “sacerdotes” virtuosos e guiados pelos princípios divinos estimuladores da evolução religiosa dos seres.

Quando Oiá “vira no tempo”, seja contra um seu filho direto quanto um seu filho indireto (que têm a coroa regida por outros orixás), então sua vidaentra em parafuso e só deixará de rodar quando esgotar tudo de desregrado e desvirtuado que nela existia. Isto é Oiá, amados filhos dos orixás! Mãe religiosa por sua excelência divina, mas mãe rigorosa por sua natureza cósmica, cujo principal atributo junto dos espíritos humanos é o de esgotar o lobo sanguinário que oculta-se por baixo da pele de cordeiro.

Enquanto Oxalá é irradiante, Oiá é absorvente, e enquanto os filhos de Oxalá são extrovertidos, os de Oiá são introspectivos e até um tanto tímidos, pois a natureza forte de sua mãe divina exige deles uma certa “beatitude” 9já que, das mães divinas, ela é a mais ciumenta por seus filhos amados e a mais rigorosa com os seus filhos relapsos. Isto é Oiá, amados filhos das nossas amadas mães divinas!

Se ela é assim, é porque ela é a orixá que, junto com Oxalá, rege a primeira linha de Umbanda, que é a linha da Religiosidade. Logo, os filhos de Umbanda, que têm em Oxalá o divino Pai da Fé, também devem cultuar a divina mãe Oiá. Com ele no pólo positivo e ela no pólo negativo, forma-se o par dos orixás excelsos que regem a linha da Fé e estimulam a religiosidade nos seres.
Oyá – O Trono Feminino da Fé
Logunan / Oyá-Tempo, Éos, Moiras, Andrômeda, Horas, Nornes, Rodjenice, Tara, Nut, Shait,  Arianhod, Aya, Tamar, Mora, Menat, Tanith, Nicnevin, Comentário.

Oyá-Tempo — Divindade de Umbanda, é o Trono Feminino da Fé, absorve a fé em desequilíbrio, de forma ativa, reconduzindo o ser a caminho de seu equilíbrio. Cósmica, pune quem dá mau uso ou se aproveita desta qualidade divina com más intenções.
Fator cristalizador e temporal é o próprio espaço-tempo onde tudo se manifesta. Lembrando que nossa relação de espaço-tempo depende totalmente da movimentação dos astros no espaço, da onde vêm conceitos como dia e noite juntamente com nosso senso cronológico. Dizemos que é uma divindade atemporal, pois é em si o próprio tempo não estando sujeita a ele, mas regendo seu sincronismo.
Elemento cristalino. Religiosamente goza de posição de destaque, pois rege a própria religiosidade no ser.
Sua cor é o branco e o preto, que é a presença de todas as cores ou a ausência de todas (em seu aspecto de absorção e esgotamento da religiosidade desvirtuada e dos excessos cometidos em nome da fé). Simbolizada pela espiral do tempo, se manifesta em todos os locais, assim como Oxalá com o qual faz um par nesta linha da fé. Cor: Branco e preto ou fumê. Pedra: Quartzo fumê rutilado.

Éos — Divindade grega, conhecida entre os romanos como Aurora, filha de Hipérion com Teia. Irmã de Hélio (o Sol) e Selene (a Lua). Era sua tarefa abrir todas as manhãs os portões do céu para deixar sair a carruagem do Sol. Teve muitas uniões e muitos filhos, entre os quais podemos citar os Ventos e os Astros.
Moiras — Divindades gregas, conhecidas como Parcas entre os romanos. São três irmãs, responsáveis pelo tempo e por tecer os fios de nosso destino. Aparecem humanizadas como anciãs encantadas. Seus nomes são Lachesis, Cloto e Átropos. Filhas de Nyx, a Noite, são elas que tecem os fios de nossa vida e destino. Cloto, “a tecelã”, tecia o fio da vida; Lachesis, “a medidora”, media o comprimento certo de cada fio, e Átropos, “a inevitável”, o cortava com sua tesoura.
Andrômeda — Divindade grega das estrelas e planetas, vista como sendo a própria constelação que leva o seu nome.
Horas — Divindades gregas, originariamente a palavra Hora era utilizada para determinar as estações do ano que se dividia apenas em três, Primavera, Verão e Inverno. São filhas de Zeus e Têmis, Eunomia (a Boa Ordem), Dicéa (a Justiça) e Irene (a Paz). Quando surge o conceito de Outono e Solstício de Inverno, duas novas horas aparecem na mitologia, Carpo e Talate, guardiãs dos frutos e flores. Quando os gregos dividiram os dias em 12 partes iguais, os poetas identificaram 12 horas, chamadas “As 12 Irmãs”. Contando-se primavera, verão, outono e inverno as horas aparecem com idades diferentes, nesta ordem, da jovem e ingênua adolescente até a madura e sábia anciã.

Nornes — Divindades nórdicas do tempo e do destino se dividem em Urdhr, a avó anciã (passado), Verdanti, a mãe matrona (presente) e Skuld, a jovem (futuro).

Rodjenice — Divindades eslavas do destino, eram três mulheres que teciam os fios da vida assim como as parcas gregas e nornes nórdicas, eram oferecidas a elas as primeiras porções de comida das comemorações batismais, assim como a placenta do bebê, enterrada ao lado de uma árvore. Eram conhecidas por Rodjenice, Sudnice e Sudjenice ou Fatit, Ore e Urme.

Tara — Divindade hindu, regente do céu e das estrelas, senhora do tempo.

Nut — Divindade egípcia, Divindade do céu, seu corpo forma a abóboda celeste, aparece curvada como um arco sobre a Terra. Nut é o próprio céu, o espaço onde tudo acontece. Representada por uma vaca, também tem a função de recolher os mortos em seu império. 
Shait — Divindade egípcia do destino, acompanhava toda a encarnação de cada um anotando seus vícios e virtudes. Ela é quem dava a sentença final após a alma passar pela balança de Maat.

Arianrhod — Divindade celta, guardiã da “roda de prata” que circunda as estrelas, símbolo do tempo e do carma. Deusa da reencarnação tem como símbolo a própria espiral do tempo.Divindade dos ancestrais celtas vive em sua própria dimensão com suas sacerdotisas. Decide o destino dos mortos levando-os para sua morada ou para a Lua.  Aparece no Mabinogion, uma coleção de relatos escritos entre o século XI e XIII d.C., como filha de Don e mãe dos gêmeos Lleu Llow Gyffes e Dylan.

Aya — Divindade babilônica, “Aurora”, esposa do deus-sol babilônico Shamash. 
Tamar — Antiga Divindade russa, do tempo, que habitava no céu, de onde regia as estações do ano. Aparece como a virgem que viaja pelo céu montada em uma serpente dourada. Tamar é quem aprisionava o Senhor dos ventos no Verão para soltar no Inverno, para que trouxesse a neve.

Mora — Divindade eslava do tempo e do destino. Aparece como divindade branca e alta para dar a vida, e como negra, olhos de serpente e patas de cavalo para ceifar a vida.

Menat — Antiga Divindade árabe que teve seu culto abolido por Maomé e o Islã. Essa divindade representa a força do destino, senhora do tempo e da morte, aparece sob a forma de anciã.

Tanith — Divindade cartaginense, regente do céu. Aparece com asas tendo o Zodíaco a lhe envolver a cabeça. Usa um vestido repleto de estrelas trazendo em suas mãos o Sol e a Lua.

Nicnevin — Divindade escocesa que rodopia o céu durante a noite para conduzir as almas em sua passagem.

Comentário: O Trono Feminino da Fé, Oyá-Tempo, encontrado em várias culturas, nos mostra uma divindade que, não estando sujeita ao tempo, torna-se atemporal. Passa a regular tudo o que se refere a estações do ano e clima, também mostrando-se presente como o espaço onde tudo acontece, a abóbada celeste, pois a relação espaço-tempo também depende dela. Na Umbanda, pode ser sincretizada com Santa Clara, sempre evocada para resolver as questões relacionadas ao clima e ao tempo, pela maioria das pessoas.

Textos com Base em leituras de Alexandre Cumino e Rubens Saraceni

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